Raul Macedo

É seguro dizer que o curador José Maia se interessa por descobrir os jovens talentos, muitas vezes antes mesmo de estes se aventurarem por aquilo que virá a ser uma carreira artística. Viver arriscadamente, per-seguindo um sonho, ousando ser escutado por alguém que reconheça no nosso olhar algo que faça faísca, é mesmoa tão difícil quanto possa parecer. Já o jovem artista Raul Macedo (n.1997), natural do Porto, formou-se recen-temente na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e não tem tido mãos a medir13. Nas residências da Bienal da Maia encontrou um lugar que o acolheu de braços abertos para chegar ao que mais preocupa um jo-vem artista em 2023: um estúdio ou atelier que, de alguma forma, substitua a dinâmica que se vive nos corredores da FBAUP – onde um colega se intro-mete para ajudar, ao mesmo tempo que o ambiente de crítica mútua dos trabalhos produzidos contribui para a criação. Companhia versus concor-rência é um binómio genuinamente inspirador.
Macedo apresenta, na tipologia de MUPIs da BACM, “Marathon Reflection”, um trabalho infinitamente urbano acerca de corpos que circulam na cidade, sem que esta se desvende ou eles se desvendem a si mesmos. O trabalho fotográfico de Macedo relembra-nos séries fotográficas de Wolfgang Till-mans, nas quais este se dedicava a registar os despojos das noites de farra, resultantes de um estado de liberdade individual, muito característica dos vinte e poucos anos. A vida boémia da noite, as marcas da presença humana num lugar – temporário ou habitado – viagens que nos contam uma história incompleta acerca da luz, da sombra, dos enquadramentos aparentemente acidentais. São essencialmente acerca de quem está do outro lado da lente, do que ele deseja captar, e do que pretende que seja visto. Para a mostra de vídeo-arte, Raul Macedo apresenta “Antropocínic”, uma pseudo-narrativa surrealista, que nos convida a viajar para dentro de um olho humano, num conjunto de imagens que aparentam ser o mar, cruzadas com imagens es-troboscópicas e visão térmica. Esta peça alarga um pouco mais os temas de interesse do jovem artista, que nos expande a curiosidade em torno do que irá explorar de seguida.
13 Foi prémio aquisição pela FBAUP com o vídeo “Being Fond” (2023), que além de aí ter sido exposto, seguiu para o Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura – CAAA, e para o Es-paço Mira;

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“foi para caminhar que aqui cheguei” (19 mai – 15 out), projeto artístico comissariado pelo curador José Maia para a Bienal de Arte Contemporânea da Maia 2023, reúne propostas de mais de 80 criadores e coletivos artísticos de diferentes gerações, geografias e áreas artísticas, como artes plásticas, video-arte, performance, cinema, música, som, arte digital, design, publicações de artista e literatura.

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