A joalharia é tudo. Na joalharia cabe tudo. A cerâmica e os têxteis e a fotografia. É desta forma que Sofia Fernandes da Mata se relaciona com o seu fazer artístico.
Ouviu vozes do saber em escolas como a Massana, de Barcelona, ou a Saimaa University of Applied Sciences, na Finlândia. Andou perdida e encontrou-se. Em 2017 atravessou o Douro e acabou construindo a casa nas Terras Altas. Colou os ouvidos ao chão, meteu as mãos na terra e na pedra. Sentiu os silêncios. Escutou a matéria. A matéria que enforma as suas peças de joalharia artística – madeira, ferro, linha de algodão, troços de videira, alpaca, ossos – objetos aparentemente frágeis, delicados e simultaneamente poderosos, pois deles emanam forças vitais telúricas. São algumas destas obras, com títulos como Na harmonia de certos sons, voltamos ao ventre do universo (2019), que nos convocam para um lugar sem tempo, que se apresentam na BACM23.
Texto de Carla Santos Carvalho