Entre o suspiro desejante e a angústiado que não nos pertence,
o futuro é dos entendidos: os que duvidam enquanto sabem.11. Júlia de Carvalho Hansen. “Como se faz um futuro?”, texto para a Bienal de Arte Contemporânea da Maia (Maia, 2022).
Júlia de Carvalho Hansen (n. 1984), poeta, astróloga e editora nascida em São Paulo na década em que se afirmou o pós-modernismo22. Jean-François Lyotard publica em 1979 La Condition postmoderne: rapport sur le savoir e, em 1988, Le Postmoderne expliqué aux enfants: Correspondance 1982-1985. Frederic Jameson faz publicar, em 1991, Postmodernism, or, the Cultural Logic of Late Capitalism (livro que era já o desenvolvimento de um artigo publicado na New Left Review, em 1984). São apenas alguns exemplos de pensamento crítico produzido nessa década e que viriam a influenciar as gerações vindouras., escreveu para a Bienal o ensaio poético Como se faz um futuro?, no qual problematiza algumas das questões que vêm assombrando a geração herdeira do pós-modernismo: humano versus natureza ou a vida em um mundo saturado de tecnologia. No seu caso, também especificamente as formas como a astrologia se entrelaça com as existências:
O cerne de um búzio carrega mais mensagens
do que eu e você nos nossos históricos de whatsapp sem dúvida
uma trepadeira escalando um muro sabe melhor o que fazer.33. Júlia de Carvalho Hansen. “Como se faz um futuro?”, texto para a Bienal de Arte Contemporânea da Maia (Maia, 2022).
Nika (n. 2001) e Vítor Moreira (n. 1997), artistas multidisciplinares, com uma prática sobretudo no domínio do audiovisual e multimédia, partem precisamente do texto de Júlia Carvalho Hansen para traçarem o seu próprio “mapa astral”. A partir deste ensaio poético-ativista da escritora brasileira, a dupla criou uma obra – vídeo mappping projetado numa esfera suspensa que, aliás, dialoga com outras esferas presentes no espaço expositivo – que reúne um conjunto de imagens de diferentes proveniências cujo denominador comum é a água. A água, defende Hansen, de que precisamos para fazer futuro.
Texto de Carla Santos Carvalho