Alice & Adrien Martins

É impossível separar o corpus de trabalho de Alice Martins de uma ideia de performance. A artista, coreógrafa e performer franco-portuguesa move-se entre esses territórios das artes visuais e performativas, explorando as interseções entre o corpo e os contextos em que se insere, criando formas híbridas – objetos, instalações, performances – nas quais se materializam todos estes elementos. O corpo nas suas dimensões individuais e coletivas, o corpo nos seus múltiplos contextos, quer eles sejam normativos, ambientais, espaciais ou simbólicos. O corpo necessariamente na sua relação com o outro, que simultaneamente se partilha e se confronta com o outro. Com formação académica nas áreas da arquitetura e da dança e práticas do corpo, a artista multidisciplinar cresceu entre Paris e a pequena aldeia de Torres Vedras, Matacães – curiosamente um topónimo com ressonâncias luso-francesas –, e é também este singular cadinho sociocultural que enforma as suas criações. Em 2017, funda Objet Global, uma plataforma de pesquisa e experimentação do corpo, do espaço e das linguagens. No ano seguinte cria a companhia-atelier Passion Passion, no âmbito da qual apresenta trabalhos na Fundação Louis Vuitton, no Palais de Tokyo, na Biennale Internationale de Design de Saint-Étienne, entre outros. O projeto Galerie Cussiard, uma galeria itinerante que se propõe transportar a arte de bicicleta expondo os dispositivos que controlam os nossos movimentos, vale-lhe um prémio da Fondation de France.  Com o seu irmão Adrien Martins constitui o duo Au carré, que atualmente se encontra a desenvolver um projeto em residência no Centre National de la Danse. É precisamente nesta parceria com Adrien Martins que a artista se apresenta na Bienal. 

Texto de Carla Santos Carvalho